A tensegridade pode ser definida pela tensão e integridade, em outras palavras, a integridade das tensões. Transferindo este conceito para o corpo nosso humano é a capacidade de permitir o equilíbrio entre tração e compressão nos seus diversos pontos de uma articulação. Parece ser muito complicado de entender isso, mas não é. O que quis dizer com isso? As forças que atuam, além das que são geradas sobre nossos músculos e miofasciais, produzem de forma continua uma compressão nas estruturas ósseas. Na verdade, nossos ossos não tocam diretamente uns aos outros, eles estão “flutuando” sobre a estrutura tensão criada pela nossa rede de rotas miofasciais.

Fazendo um comparativo, entre nossa coluna vertebral e uma pilastra de um edifício, elas atuam quase da mesma maneira, pois são uma torre de blocos capaz de suportar o peso do corpo, da mesma forma que um pilar suporta o peso de um edifício. No entanto, a coluna vertebral humana não pode ser um feixe comum de barra rígida, porque ela é composta de segmentos de corpos semi-rígidos ligados a elementos de tecidos conjuntivos flexíveis que flutuam os segmentos no espaço.

Tá Rany, mas até agora não entendi nada onde você quer chegar com este conceito. Vamos lá! Tomando como base o modelo estrutural da tensegridade, utilizarei para exemplificar ainda melhor, o formato de roda de uma bicicleta. As estruturas da roda são compostas pela jante, os raios, a câmara de ar e o pneu. Para dar forma arredondada, faz-se necessário a sustentação adequada, por isso que existe os raios, que são barras que unem a zona central (cubo) a perimetral (aro) capazes de manter a forma da roda, além de suportar as cargas de compressão. Caso contrário, teremos uma estrutura toda empenada, o que seria impossível transmitir a roda uma tração adequada, sendo assim, dificultaria ainda mais locomoção sobre essa forma.

Na musculação não poderia ser diferente, se as forças que atuam sobre o corpo não estejam devidamente equilibradas, as ações musculares, articulares e respectivos movimentos, apresentarão alterações em seus padrões. Sendo assim, com a redução do controle neuromuscular por padrões ineficientes de movimento, as articulações sofreram graves problemas, devido a incapacidade de distribuição da carga de trabalho aos músculos alvos. Ah, então é necessário haver o equilíbrio musculoarticulares? Exatamente! Porque os padrões alterados induzem a ações compensatórias, a exposição das estruturas desequilibradas ao decorrer do tempo gerará microtraumas e posteriormente o agravamento levando a macrotraumas.

O desenvolvimento muscular depende de todo o equilíbrio estrutural primeiro? Sim. O processo de reajuste estrutural deve acontecer primeiro no programa de treinamento. Porque alguns indivíduos apresentam grupos musculares encurtados, alongados e/ou pouco desenvolvidos, sejam por um programa de treinamento equivocado, ou por descompensações posturais ocupacionais. Estes desequilíbrios gerarão uma cascata de alterações nos padrões de movimentos, consequentemente a biomecânica estará comprometida.

Portanto, a coluna vertebral é a torre no modelo de tensegridade, capaz de integrar os membros inferiores, superiores e cabeça. Uma mudança de tensão em qualquer lugar dentro do sistema, imediatamente será sinalizado em outro lugar do corpo. Treinar musculação, é provocar ação consciente na musculatura alvo desejada. Não é apenas socar de carga o aparelho para ergue-lo de qualquer forma.

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